segunda-feira, 11 de julho de 2011

[Os armariados] Cumprindo seu papel de gênero

Flávio tem 21 anos, ele mora numa casebre com sua esposa e seus dois filhos. Ele mal conseguiu terminar o ensino médio e não tem uma profissão que lhe garanta o sustento. Sua esposa não tem nem o ensino fundamental e vem de família ainda mais pobre que a de Flávio.

Apesar de parecer irresponsável colocar duas crianças no mundo sem ter perspectiva alguma de futuro, esse rapaz tem total apoio e respeito de seus familiares. Ele recebe ajuda dos tios que o apoiam no sustento e educação dos filhos e esses mesmos tios são os donos do casebre onde ele mora.

Pedro também tem 21 anos, é solteiro e mora sozinho em uma cidade vizinha à sua para poder cursar a universidade. Ele gosta muito do que faz e tem planos de uma carreira profissional de sucesso. É um garoto responsável, educado e cheio de amigos. Participa de um grupo da igreja e é muito bem quisto pelos pais.

Olhando de longe, Pedro parece ser um jovem com um futuro maravilhoso que será apenas motivo de orgulho pros pais, o oposto de Flávio,  só que quando olhamos de perto a situação não é bem essa.

Pedro corre o risco de [a qualquer momento] ser agredido e expulso de casa e consequentemente se afastar da comunidade religiosa, da faculdade e dos amigos.

Pedro corre esse risco porque PEDRO É GAY!

Por mais que se tente exaltar as qualidades de Pedro ele nunca terá o mesmo respeito e apoio atingidos por Flávio, pois Flávio cumpriu o papel que a comunidade designa para os homens: CASAR E TER FILHOS!

Pedro irá realizar sonhos que Flávio jamais imaginou, mas até lá ele precisa se esconder, mentir, fingir, chorar e sorrir pra esconder esse sofrimento. Pedro é um dos MUITOS milhões de armariados desse país e assim continuará até ter total independência financeira e pessoal de sua família.

Muitos armariados que eu conheço chegaram até a se casar e ter filhos para manter uma imagem e conseguir ser respeitado no trabalho e na comunidade, eles vivem numa espécie de presídio psicológico onde reprimem seus desejos e empurram uma esposa pra um casamento destinado ao fracasso ou a constante traição. Movimentam milhões de reais numa economia paralela que sustenta boates, saunas e cinemas gays onde homens procuram em sigilo saciar seus desejos reprimidos.

A maior parte não aguenta a pressão da vida dupla e se divorciam "chocando" a sociedade com sua "mudança" repentina. Outros apenas continuam a trair suas esposas e empurram a vida com a barriga.

Não digo que você precisa sair do armário imediatamente, mas você pode criar uma rota de fuga que te leve pra longe das pessoas e lugares que te forçam a se esconder.

Garanto que uma vez lá, você voltará ao armário apenas para fazer visitas. E a cada visita o cheiro de mofo vai ser mais incomodo do que o aroma agradável que sua vida terá longe das traças que ameaçam a sua sobrevivência.