quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ops, peguei o texto errado!

Ops



"Boa tarde, meu nome é Reverendo Dr. Phil Snyder, nasci e fui criado em Springfield, no Missouri, e me levanto diante de vocês nesta tarde em apoio a esta ordem.

Preocupo-me com o futuro de nossa cidade. Qualquer leitura correta da bíblia deveria deixar claro que os direitos gays vão contra a pura verdade da palavra de Deus.

Como um pastor adverte, o homem está excedendo os limites que Deus determinou. Ao criar direitos especiais para gays e lésbicas, deu mais um passo na direção de convidar o juízo de Deus sobre nossa terra.

Esse passo dos direitos gays é nada mais que um trampolim para a imoralidade e ausência da Lei que será peculiar dos últimos dias.
Esta ordem representa a negação de tudo em que acreditamos e ninguém deveria força-la sobre nós.

Não é que não nos importemos com homossexuais, mas é que nossos direitos nos serão retirados, e visões de mundo não-cristãs serão impostas sobre nós e sobre nossas crianças, já que seremos forçados a ir contra nossa moral pessoal.

Agentes do governo de fora estão se empenhando em perturbar a ordem estabelecida por Deus e não estão alinhados à bíblia, não deixem as pessoas lhes enganarem.

Os liberais que lideram esse movimento não acreditam mais na bíblia, mas todo bom cristão ortodoxo inteligente e crente na bíblia pode ler a palavra de Deus e saber que o que está acontecendo não é de Deus.

Quando você está em conflito com a ordem estabelecida por Deus, você tem problemas, você não produz harmonia, você produz destruição e problemas e nossa cidade está no maior perigo em que já esteve em sua História.

A razão é que nos afastamos da bíblia de nossos antepassados.

Veja, o direito de segregar...

Desculpe, espere...

O direito... de segregar é... claramente estabelecido pelas escrituras sagradas, tanto por preceito quanto por exemplo.

[voz feminina]: Um minuto.

[Phil:] Desculpe, eu trouxe as anotações erradas comigo nesta tarde. Eu peguei meu argumento emprestado do século errado. E acontece que o que eu estava lendo para vocês este tempo todo são citações diretas de pastores brancos dos anos 50 e 60, todas apoiando a segregação racial. Tudo que fiz foi simplesmente tirar a frase 'integração racial' e substituir por 'direitos gays'. Acho que os argumentos que tenho escutado aqui em Springfield ultimamente pareciam tão similares a esses que eu os confundi.
Espero que não cometam o mesmo erro.
Espero que coloquem-se no lado correto da história.
Obrigado."
[Tradução de Ale GM.]

visto no O ornitorrinco

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Luta desigual

A criança judia sofre a estupidez do mundo, volta para casa e lá seus pais judeus lhe dizem: “estúpido é o mundo, não você”. E lhe dizem por que essa noite não é como todas as noites, e contam para ele a história daquela vez em que tiveram que sair correndo e o pão não fermentou. Dão-lhe uma lista de valores e falam: “Você está parado aqui”. E saberá a criança judia que não está sozinha.

A criança negra sofre a estupidez do mundo, volta para casa e lá seus pais negros lhe dizem: “estúpido é o mundo, não você”. E lhe falam do berço da humanidade, de um barco, de uma guerra. Dão-lhe uma lista de valores e falam: “Você está parado aqui”. E saberá a criança negra que não está sozinha.

A criança homossexual sofre a estupidez do mundo e nem pensa em falar com os pais, porque supõe que eles vão ficar chateados. Não sabe por quê, mas eles vão se chatear. E para seus pais, o pior é crer que seu filho não é como eles (…).

A criança homossexual, só por ter nascido homossexual, só por ter sido parida em
território inimigo, está em guerra com a religião, com a ciência e com o Estado.

Como poderá uma criança enfrentar uma luta tão desigual?

Osvaldo Bazán




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Uma nuvem de idéias

homossexualidade, hétero, gay, família, igrejas, transformar, argumentos, cristão, história, entender, gay

Essa nuvem de palavras eu tirei de um dos textos do blog, ela não tem um sentido, um objetivo, mas consegue nos fazer lembrar de inúmeras questões.

Pensar é mais difícil que viver na ignorância!


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Guest Post: Não tenho amigos héteros

Mais uma vez pedi a um amigo que me escrevesse algo e rapidamente fui atendido. Dessa vez um amigo lindo e sensível que vou chamar Poeta me escreveu sobre como suas experiências negativas na adolescência prejudicaram a forma como ele enxerga homens cis heterossexuais.

Depois do texto eu levanto minhas observações.

Não tenho amigos héteros

Para qualquer armariado, ou não, a fase de colégio é marcante. O que ele mais quer é passar por esta fase sendo o mais imperceptível possível [escondendo o que realmente é]. Mas é nesta época que encontramos pessoas que apontam, olham torto, destratam, caluniam, soltam piadas e até mesmo partem para algum tipo de contato físico com a intenção de intimidar [é a ponta do iceberg do que é a vida].
Posso dizer pessoalmente que passei por alguns momentos que definiram o modo como vejo alguns homens héteros e como interajo com eles. 
Na época de colégio eu sempre tinha mais contato com o sexo feminino e acho que esse foi o grande motivo para eu ter sido alvo de alguns garotos nesta fase da vida. Até mesmo os meus amigos mais próximos tiravam brincadeiras. 
Apesar de nunca ter dado liberdade ou motivo, constantemente eu sofria algum tipo de agressão por parte dos garotos. Em alguns momentos me isolava em algum lugar e apenas chorava, como se ficar ali sozinho e chorando fosse ajudar de alguma forma, como uma válvula de escape. 
Afinal, contar para meus pais seria inviável. 
A partir de então passei a evitar ao máximo manter algum tipo de contato ou vínculo com homens héteros. Passei a vê-los como símbolo de gente falsa, que oprime o mais fraco para se sobressair ou simplesmente demonstrar quem manda. 
Imagino que o que nos define são os fatos passados, só somos o que somos porque passamos por certos momentos que a vida nos proporcionou. Ao chegarmos à fase adulta apenas moldamos o que adquirimos e procuramos aperfeiçoar. 
Hoje tento lidar da melhor forma possível com homens héteros, porém quando recordo os momentos passados ainda mantenho um pé atrás ao lidar com um. Mas aguardo o dia em que poderei dizer que tenho um amigo hétero de verdade.


O texto do Poeta é enxuto e direto: a imagem que ele tem homens héteros é ruim, muito ruim. O bullying sempre deixa marcas e a maioria da população se nega a enxergar um problema tão sério como esse.

Quando falamos de bullying gay parecemos cruzar a fronteira do impossível, pessoas se levantam veementes para dizer que sofreram perseguição por suas características e sobreviveram, são pessoas "normais"!

Usar um argumento desses é um desrespeito a inteligência humana!

Pra quem não faz idéia da besteira que está dizendo vá estudar! Nove em cada dez gays relatam que sofreram perseguição na escola por sua orientação sexual (mesmo sendo armariados). Eu posso estar enganado, mas se me dissessem que 90% de um setor da população diz já ter sofrido alguma violência por preconceito, eu diria que esse setor está sendo perseguido sistematicamente.

E se mesmo assim você ainda pensa que a violência direcionada contra gays e lésbicas está no mesmo patamar de tortura que um jovem homem ou mulher cis sofrem por suas características físicas, faça o exercício de se colocar no lugar do outro.

Quando um jovem sofre preconceito por suas características físicas, ele sabe chegará em casa e encontrará uma família que lhe dará o apoio e o respeito que ele não tem na escola. Quando um jovem sofre preconceito por ser gay, ele sabe que chegará em casa e irá encontrar ainda mais preconceito e desrespeito (na ENORME maioria das vezes).

Querer comparar essas duas experiências é desonesto, querer utilizar essa comparação para justificar a violência diária que estes jovens sofrem é DESUMANO!


Se eu conseguisse achar um jeito de ver isso melhor
Eu fugiria pra algum destino que eu já deveria ter encontrado
Estou esperando esse "xarope pra tosse" fazer efeito.


sábado, 22 de setembro de 2012

As neuroses do armário e a geração Little Monster

Esses dias fui pra "night"!!! Fui lá tomar minha dose mensal de gelo seco, ácaros e música eletrônica (sem os quais eu não sobrevivo por muito tempo). Algumas coisitas ocorreram e me motivaram pra escrever:

1) Amigo viado (quase mulher) pagando de casal hétero:

Eu entendo perfeitamente o desespero que é ser ameaçado de ser jogado pra fora do armário e por isso algumas pessoas fazem umas palhaçadas dessas. Mas olhando pelo lado de fora do armário: "PQP como é ridículo!!!". Na hora respeitei e apoiei, mas é esse tipo de atitude que nos torna invisíveis e por isso mesmo "marginalizados". Nunca fiz isso, primeiro por que não convencia, segundo por que é uma agressão contra si próprio! Só quem já fez sabe a sensação de covardia e impotência que se sente após uma situação dessas.

2) Foto pra politico "Amigo dos LGBTTs" recusada:

Eu estava num grupo que não era o meu e ao lado de uma pessoa extremamente desagradável, portanto eu não tirava foto nem pra minha mãe nesse momento. Além disso pensei nas consequências para os armariados do grupo porém uma piada do meu amigo me deixou constrangido: "Aqui tem gente casada e com filhos!". Mais um reforço naqueles clichês e na invisibilidade.

3) Foto para site de boate:

Durante a festa, ficamos só eu e meu BFF  e fomos abordados por uma criatura com uma câmera (OBS: Era uma Cannon linda!) Eu aceitei sem muito esforço, mas tive que esconder minha água mineral da foto, porquê segundo meu amigo "É queima!" (OBS 2: Eu não bebo, por isso só água e refri!)

Depois do episódio da foto comentamos que se nosso amigo (que pagou de casal com a amiga sapatão) estive conosco, a foto jamais aconteceria: o papo rendeu e lembro de ter comentado como acho mais fácil lidar com essa geração mais nova (OS LITTLE MONSTERS) em relação ao armário. Eles cresceram numa perspectiva de mundo diferente da minha e olha que tenho APENAS 26.

Pra quem cresceu na internet as dúvidas, que nas gerações anteriores ficavam guardadas no mesmo armário dos seus sentimentos, agora estão propagadas e respondidas à exaustão (nem sempre corretamente).

Pra essa geração existe um batalhão de pequenos Cazuzas, que mesmo não tendo tanto talento tem coragem de se declarar como gays, lésbicas e trans. E também aqueles que mesmo não sendo gays abraçam a visão de um mundo onde pessoas não são discriminadas por seus direitos. São artistas politizados que dão a cara tapa e que não fogem das perguntas.

Uma geração com uma Lady Gaga não é uma geração qualquer!

Os fãs da Gaga doida (incluindo eu mesmo) se entitulam "little monsters" (pequenos monstros) e os monstrinhos são guerreiros: Eles dão a cara à tapa, eles ousam, questionam, brigam e ai de você se estiver no caminho deles! Eles são o futuro! Eles são a geração que através da arte tem feito mais mudanças que nem os ativistas mais loucos imaginaram!

Eles se levantam com as armas que possuem e fazem barulho! (Muito barulho) Seja nas redes sociais ou nas ruas. O tempo em que você podia ser preconceituoso e do alto da sua arrogância achar que iria ficar por isso acabou!

Esses monstrinhos estão vivendo e criando um mundo novo: um mundo onde o país mais poderoso do mundo é dirigido por um presidente negro que vai em cadeia nacional declarar seu lado na guerra contra o bullying.

"Eu não sei o que é ser perseguido por ser gay 
mas sei o que é crescer sentindo que às vezes você não se enquadra."


Um mundo onde questões delicadas são questionadas em videoclipes e canções, onde os papéis de gênero são questionados a cada roupa nova que algum maluco inventa.

Nesse mundo novo eles tem aprendido, que eles podem ser quem eles quiserem e do jeito que eles quiserem.

"Você é bonito(a) não importa o que digam!"

Eles aprenderam o que a sociedade moderna tem tentado a duras penas aprender: Só há mudança quando há união! Eles estão unidos e conectados, eles ouvem as mesmas vozes e cantam as mesmas canções, eles lutam por justiça e por respeito.

Eles são aquele bando de moleques estranhos que mesmo diferentes tem em comum o fato de não conseguirem (ou não terem vontade) de se adaptar às velhas regras.

O problema é que eles são muitos!

E eles são incansáveis: eles compram, reclamam, boicotam, fazem protesto. E ainda tem gente que diz que a geração atual é 100% alienada e despolitizada, quando que na história das lutas estudantis ou outras lutas sociais você viu empresas lançando notas de desculpas por causa de uma propaganda preconceituosa? Quando você viu universidades pedirem desculpas pelas besteiras proferidas por um professor?


"Então erga seu copo se estiver errado de todas as formas corretas."

Quem nos anos 80/90 ligava a TV e via programas tirando sarro com todo tipo de preconceito, hoje vê as mídias tradicionais chacoalhadas perdendo sua importância e poder pra um meio de comunicação sem rédias que exibe sem pudor e sem custo o episódio do beijo entre dois adolescentes gays que a poderosíssima Globo transferiu pra madrugada por medo de perder algum patrocínio.

Essa geração nasceu pra quebrar barreiras, pra abraçar as diferenças... De uma forma geral essa geração mais nova está abandonando de forma muito rápida preconceitos históricos (embora os que sobrem ainda causem estragados).

Eles pressionaram a tecla "foda-se" e pelo que eu vejo não vão soltar mais! Os que se apegam a visão de mundo que minha avó tinha, infelizmente estão se debatendo e rosnando por verem privilégios históricos serem tomados assim do dia pra noite. Afinal é um absurdo mulheres receberem o mesmo salário e terem as mesmas oportunidades de empregos ou um pai não poder espancar seu filho quando descobre que ele é gay.

E você acha que já viu tudo??? Prepare-se!!!

Esses garotinhos e garotinhas AMAM! 

Pois é, eles acharam pouco fazer como os gays da velha guarda que casavam com esposas de fachada e querem casar com as pessoas que eles quiserem! (E tem gente que acha que o mundo não vai acabar)

*-*

Como disse uma vez o Obaminha:


"Nada pode colocar-se no caminho do poder de milhões de vozes clamando por mudança."


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pra dar risada!

Catei essa pérola há dias e fiquei sem saber o que fazer com ela! Por isso resolvi postar e compartilhar as gargalhadas.


"DEUS criou o Homem e a Mulher, passou disso é híbrido."



A frase é de impacto, ela mexe com todos os seus neurônios (que se contorcem loucamente). Porém o seu entendimento é uma arte! É preciso receber uma entidade da grécia antiga pra ter sabedoria pra entender.


Vamos por partes:

1º) Começa com Deus em letras maiúsculas, o que significa:
  • É cristão/judáico mas usa o nome de Deus em vão.
  • Não lê muito, do contrário saberia que nomes próprios se escrevem com apenas a primeira letra maiúscula.


2º) "criou o Homem e a Mulher"
  • E também criou a barata, o elefante e o veado! 


3º) "passou disso"
  • Eu tô tentando entender se o sentido de "passou" é de transcender, elevar a outro patamar ou se é uma forma rudimentar de dizer: "além disso".


4º) "é híbrido"
  • Acredito que sim, já que todo mundo é uma mistura de homem com mulher e se Deus criou o homem e a mulher e se todo mundo é descendente desses dois, logo chegamos a conclusão de que toda humanindade é híbrida!
  • Essa classificação afeta os animais?
  • Inclui os vegetais?
  • É possível deixar de ser híbrido na força da fé?

Bem, eu descobri hoje que eu sou híbrido e eu estou muito feliz com isso!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Entendendo o preconceito

Queria compartilhar com você aí do outro lado do LCD um documentário que acabei de assistir e que é simplesmente fantástico!

O documentário é longo e PESADO! Chama-se "O olho da tempestade" (Eye Of The Storm)

Se você não tem tempo de ver agora eu dar uma resumida, mas assista assim que puder!

A professora americana Jane Elliott usa um experimento como forma de ensinar o impacto do preconceito na vida das pessoas.

Ela cria workshops onde as pessoas são separadas pela cor do olho: um grupo é o opressor e o outro o oprimido. Mesmo sendo um experimento, e todos sendo voluntários, as emoções liberadas são muito reais!

Nos anos 70 ela fazia esse experimento com crianças. Porém ver homens e mulheres adultos se desmontando emocionalmente em apenas 2h de preconceito é o que nos faz ter idéia da dimensão do que é passar a vida inteira sofrendo preconceito.

Pouco a pouco ela torna visível cada técnica de manipulação utilizada para justificar e perpetuar os preconceitos.

É muito forte e acho que todas as pessoas deveriam passar por isso uma vez na vida!

O vídeo tem uma introdução em Português porque foi gravado da TV a cabo brasilleira.



domingo, 22 de julho de 2012

Verdades sobre a "Cura Gay"

Eu já escrevi aqui anteriormente sobre a tão falada "Cura Gay" por causa do projeto de lei do deputado João Campos (PSDB-GO) que quer derrubar uma norma do conselho nacional de Psicologia que proíbe psicólogos de tratarem pessoas gays como se fossem doentes.

O circo de horrores que são esses tratamentos vem sendo descoberto e divulgado dia após dia. Porém o Brasil tem um talento fantástico pra andar em marcha ré.

A rede de TV CNN fez uma pequena série que mostra um desses casos horrendos  chamado "The Sissy-boy experiment" que mostra o caso de Kirk Andrew Murphy que passou por um desses tratamentos numa clínica renomada de um médico que afirmava que era possível evitar que os filhos virassem gay no futuro.

O tratamento consistia em proibir qualquer demonstração de afeto por parte da mãe e usar fichinhas vermelhas e azuis para cada comportamento que o Andrew tivesse (azul comportamento masculino, vermelho comportamento feminino) no fim do dia o pai de Andrew contava as fichas vermelhas e utilizava-as como medida para bater no filho: quanto mais fichas vermelhas, maior era a surra.

Andrew aprendeu da pior forma o que todos os gays aprendem desde muito cedo. É preciso mentir e dissimular comportamentos para se proteger!

O médico responsável pela clínica (George Alan Rekers) já escreveu alguns livros sobre o tema e se tornou "referência" no assunto.

Ele utiliza o caso do Andrew como um exemplo de sucesso de que é possível evitar que seu filho efeminado torne-se homossexual na vida adulta.

Mas tem um detalhe Andrew apesar de considerado um sucesso no tratamento, cresceu e tornou-se um adulto gay e por ter passado por essa verdadeira tortura psicológica na infância, nunca conseguiu se sentir feliz com isso e mesmo tendo uma carreira acadêmica e militar de sucesso acabou cometendo suicídio aos 38 anos de idade.

Essa é uma prova do impacto negativo que esse tipo de "tratamento" pode causar numa pessoa.

Outro detalhe curioso é que o mesmo médico responsável por dizer que é possível curar gays foi flagrado numa viagem a Europa acompanhado por um garoto de programa, ao qual pagava 60 euros de diária e recebia massagens sexuais diárias.

Portanto, pra mim, esses tratamentos não passam de uma vingança psicológica de pessoas que não estão bem resolvidas com a própria sexualidade e utilizam uma psicologia barata de boteco para reforçar comportamentos que apenas ajudam a esconder a realidade.

Tornar um menino mais masculinizado não o torna menos gay! Ele apenas vai fazer mais sucesso com os namorados! Ensinar uma criança a mentir e dissimular é um desserviço pra humanidade: precisamos cada vez mais de pessoas honestas e que saibam lidar com os diferentes tipos de comportamento.

Essas crianças que são "ensinadas" a se comportar de uma determinada forma para não parecerem gays crescem com a visão de que ser gay é a pior coisa que pode acontecer com um ser humano. Se ela é hétero, provavelmente será uma pessoa preconceituosa e recalcada. Já se for gay, terá que lutar contra o próprio preconceito e contra a visão negativa que faz de si mesmo.

Todos os gays que conheço receberam repreensões por causa de seu comportamento desde que se entendem por gente e isso não impediu que elas sejam gays hoje em dia, apenas fez com que sofressem desnecessariamente.

Os vídeos da CNN estão em Inglês mas você pode ativar as legendas: clique no ícone CC escolha Inglês e depois escolha traduzir!

Assista e tente imaginar o tamanho do sofrimento que essa família passa hoje por não aceitar seu filho como ele era à 30 anos atrás.




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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dr. Kinsey: Vamos falar de sexo!

Então tá, vamos falar de sexo KKKKK
Um filme que já assisti algumas vezes e que trata do tema homossexualidade muito bem é a filme baseado na história do Dr. Kinsey (que nos anos 40 fez uma incrivel pesquisa sobre a sexualidade humana)
Kinsey desenvolveu uma "escala de homossexualidade" que vai de 0 a 6, sendo 0 um individuo exclusivamente hétero e 6 exclusivamente gay
Imagem que mostra a escala de homossexualidade desenvolvida pelo Dr. Kinsey que vai do totalmente hetero ao totalmente gay.














A escala é bem simples e eu acho que a sexualidade humana é bem mais complexa do que isso! Porém coisas simples ajudam a explicar pra pessoas que não entendem muito do mundo.

O fato de algumas pessoas sentirem atração por ambos os sexos, em maior ou menor grau. dá a impressão que estas pessoas poderiam escolher ficar apenas em relacionamentos heterossexuais.

É possível suprimir desejos sexuais, porém não é possível apaga-los. Somos seres sexuais e o impacto da supressão dos desejos é muito danoso à saúde física e mental.

Porém existem as pontas! Algumas pessoas são TOTALMENTE gays (eu) e outras TOTALMENTE hétero e pra essas pessoas não há opção! Não existe força que as faça se sentir atraídas por algo que não gostam.

Num mundo menos preconceituoso todos experimentariam (ou sentiriam-se forçados a experimentar) mas eu acredito que isso pouco mudaria em seus desejos. Uma pessoa bissexual não vai virar hétero ficando apenas com o sexo oposto, nem um hétero iria "virar" gay porque ficou com alguém do mesmo sexo.
Eu já ouvi essa de "Tem que experimentar pra saber" mas vou avisando logo: É MENTIRA!!!

Na biologia masculina existe uma força incontrolável chamada EREÇÃO!

ELA NUNCA MENTE!!

Assista o filme, se informe e saia dos clichês! Reflexões são difíceis porém valem a pena.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Minha primeira conversa com meu Pai

Enfim aconteceu!

Depois de 5 meses de silêncio fingindo que nada tinha acontecido eu finalmente conversei com meu pai sobre a minha partida do armário. Como tudo na minha vida tem que ser meio surreal o papo se deu via Facebook.

SIM VOCÊ LEU DIREITO!!!

Meu pai tem 60 anos e tem um facebook :D A única condição pra falar com ele é escrever tudo com um português indefectível e ter muita paciência! (Ele às vezes é lento)

A conversa começou falando de um parente que tá recendo apoio psicológico:


Eu
Espero que isso sirva de exemplo pra mainha, pra que ela procure um psicólogo sério ao invés de ficar sofrendo sozinha ou se iludindo com promessas de milagres. Estou triste que ainda não conversamos sobre os nossos conflitos. Parece que é mais fácil resolver os problemas dos outros que os nossos.

Pai
Eu já disse que ela procurasse um neurologista ou um psicólogo para se cuidar.
Eu
Não é um neurologista que ela precisa. Ela precisa de um psicólogo!
Ela precisa conversar com alguém que entenda e alguém que ela OUÇA porque ela não vai acreditar em nada que eu diga. Por isso ela precisa ir à uma médica que ela possa conversar e confiar acho que vocês dois deveriam!
Você tem sido um pai maravilhoso! Sempre foi!

Pai
Com relação aos nossos conflitos, eu não sei até que ponto eu estou ou estarei pronto para conversar.

Eu
Esse travamento, essa distância, não vai ajudar você a se sentir melhor só vai nos manter mais longe um do outro e não foi pra isso que me abri com vocês. 
Eu me abri porque cansei de mentir pras pessoas que mais amo. Quero uma relação de verdade não quero fingir que estou bem.

Pai
Eu sei disso. Mas entenda que é muito difícil para mim. 
Eu
quero poder compartilhar
Eu entendo!!!
Entendo muito. É difícil pra todos!
Por isso eu queria que vocês procurassem uma psicóloga. Uma especialista vai ajudar muito mais do que qualquer coisa.
Eu já vi e ouvi estórias horrendas de pais que expulsaram e agrediram os filhos...

Pai
Até para recorrer a um psicólogo, eu tenho que me preparar.

Eu
Eu sei. Vocês estão sendo muito fortes! E me orgulho disso!
Eu só acho que é mais difícil lidar com isso sozinho! Por experiência própria!
Eu estive só por 20 anos! Minha vida inteira!
E conversar com as pessoas ao meu redor me tem feito muito bem.
Pai
Eu sofri muito e ainda vou sofrer por muito tempo. Eu nunca esperava que fosse acontecer isso na vida dagente.

Eu
Eu também sofri bastante painho. Até sucídio me passou na cabeça...
Ainda bem que eu era medroso e não tive coragem de tentar
eu tinha apenas 13 anos.
Eu sei o quanto é difícil enfrentar o mundo inteiro sozinho. 
Eu acho que é melhor agente parar um pouco.
Eu já tô meio vermelho aqui
o senhor também deve estar
vamos falar depois
é um assunto muito delicado
mas acredite
melhora
melhora muito
basta conhecer a realidade e o sofrimento de outras familias 
Pai
Tá certo. Eu também acho. 
Eu
que o nosso sofrimento
fica pequeno
BEIJO ENORME
TE AMO MUUUUUITO
VOCE NAO TEM IDEIA DO QUANTO 
Pai
Eu também te amo!!!!
----
Bem!
Depois eu penso! Passei só pra registrar


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Até quando

Neste final de semana ocorreu um episódio que me surpreendeu: Perdi a paciência e discuti com alguém na rua. Pode parecer muito drama pra pouca tragédia, mas realmente foi algo fora do meu normal.

Tenho 25 anos e nunca briguei com ninguém a ponto de haver uma agressão física (sem contar as brigas dignas do exército espartano que tinha com minha irmã) na infância era alto e corpulento o que fazia os meninos pensar bem antes de provocar briga. Todas as minhas brigas eram verbais e eu sempre me sobressaía na argumentação, o que sempre me dava a confiança e a calma de quem já sabe que vai ganhar.


Eram 6h da manhã de sábado e eu tinha acabado de sair de uma festa com dois amigos (um de 20 e outro de 17 anos) um senhor na faixa dos 70 anos (nitidamente bêbado) abordou meu amigo mais novo e queria que ele se afastasse de nós pra falar com ele, meu amigo se recusou e ele mandou meu amigo ir embora (de forma bem rude) e quando meu amigo deu as costas foi empurrado pelo elemento.

Meu outro amigo ainda se deu ao trabalho de dar um berro e chamar ele de doido, eu fiquei calado e apressei o passo puxando os dois (já que odeio brigas). Porém assim que eu me afastei o homem grita: "Vai... vai dar o cú". PRONTO, tava armada a confusão!

Sabe aquele momento onde a raiva toma conta e você não responde mais por si?

Eu não pensei duas vezes e comecei a berrar pra todo mundo que tivesse num raio de 500m pudesse ouvir!

Confirmei que ia fazer aquilo mesmo e que ao menos agente transava (não usei palavras bonitinhas não). Usei xingamentos de várias espécies (menos os racistas porque realmente não fazem parte do meu repertório).

Eu BERREI como um louco desvairado enquanto atravessava a faixa de pedestres sob o olhar dos motoristas e das pessoas na parada de ônibus! Meu amigo mais novo, morto de vergonha, só me pedia pra parar. Depois de uns segundos de loucura eu parei e pedi desculpas ao meu amigo.

Chega uma hora que agente se revolta! Tem uma hora que agente cansa de ser vítima!


Quem é acostumado a bater, estranha quando alguém se recusa a apanhar!
Eu tô recusando, se alguém quiser vir apanhar no meu lugar... eu topo!

Alguém?


Até quando você vai levar cascudo mudo?

domingo, 1 de julho de 2012

O gay invisível



Na Rússia um projeto de lei proibe qualquer discução sobre gays. Se não acordarmos seremos os próximos.

Você com certeza já deve ter ouvido:
"Não tenho preconceito contra gays, mas...
E logo depois desse "mas" uma lista infinita de coisas que um gay não deve fazer pra não sofrer preconceito:

... não aceito que se vistam como mulheres.
... não aceito que andem de mãos dadas na rua.
... não aceito que adotem crianças abandonadas em orfanatos.
... não aceito que sejam professores, médicos, psicólogos etc.
... não aceito que aluguem meu imóvel para viverem juntos.

A lista é longa e cansativa e nela estão incluídos quaisquer comportamentos que permitam que de alguma forma o identifiquem como homossexual.

A lógica é simples: você pode ser gay como quiser desde que eu não fique sendo lembrado disso (de preferência nem fique sabendo).

A necessidade que sejamos invisíveis é quase patológica. Mas por quê?

Por que a visibilidade obriga as pessoas a pensar!

Pensar é cansativo, é enfadonho, exige que a pessoa tome uma posição.

Ser invisível é aceitar que somos menos humanos, que nosso beijo é sujo, que nosso abraço é falso, que nosso amor é apenas uma perversão.

Vamos deixar a invisibilidade para os momentos de insegurança, para as noites chorosas dos adolescentes indefesos, para as ruas desertas. E nos momentos de sol ou na luz artificial dos shoppings sejamos nós! Sejamos de qualquer cor, até mesmo rosa! Sejamos risonhos! Sejamos bonitos! Sejamos reais.

Quem sabe enxergando nossas cores alguns não possam entender a beleza dessa nossa pintura.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Bíblia para Crianças

Tem gente que pergunta de onde surge o ódio dos evangélicos contra os gays. Acho que o vídeo abaixo mostra que ele vem desde cedo através da manipulação da Bíblia em favor dos interesses escusos dos líderes religiosos.



Não vou nem gastar saliva pra listar os eufemismos e manipulações usadas. Basta ler um pouco pra entender.

Mas quero chamar a atenção para um ponto: No conjunto dos 73 livros da bíblia (ou 66 na bíblia dos protestantes) que possui tantas de histórias que ensinam o amor ao próximo e o respeito, Por que escolher logo a história de Sodoma e Gomorra para colocar num DVD infantil?

Porque escolher um assassinato em massa como imagem evangelizadora para crianças?

E se você acha que entende mesmo da bíblia aconselho ir mais longe e ler de forma mais profunda.

Aconselho muito Levíticos! É sempre uma oportunidade de dar boas risadas ou de se revoltar com a falsidade ideológica dos religiosos.

sábado, 3 de março de 2012

O amor de Deus para os gays: Segundo os evangélicos.

Esta semana o deputado federal João Campos da frente parlamentar evangélica (que eu explicarei depois) propôs um decreto legistativo para anular a resolução 001//99 do Conselho Nacional de Psicologia que proíbe psicólogos de tratar ou dar declaração pública tratando a homosexualidade como doença ou distúrbio.

O que o conselho diz, resumidamente, é:

Se a homossexualidade não é vista como doença pela comunidade internacional, tampouco está listada como tal pela Organização Mundial de Saúde com que argumento um pisicólogo iria oferecer tratamento para algo que não é doença? Oferecer esse tipo de "tratamento" seria apenas charlatanismo e enganação uma vez que um médico não pode tratar algo que não seja doença.

Este é um problema tão sério e tão complicado que precisamos entendê-lo com cuidado. Vamos por partes:

1) Porquê o conselho proibiu?

Porque já é consenso na comunidade científica que a homossexualidade não é uma doença é apenas uma das tantas sexualidades que um ser humano pode ter (heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade e assexualidade). Tanto que já foi removida da lista internacionais de distúrbios e doenças desde 93 (nos EUA desde 77). Se não é doença e ninguém trata, porque iriamos tratar aqui no Brasil?

2) E se um paciente não quiser mais ser gay?

Bem, ele vai continuar querendo. Porque ainda não houve um estudo sério que mostrasse ser possível alterar a orientação sexual de uma pessoa. O que acontece nos casos de ex-gays são pessoas que são bissexuais e são incentivadas a explorar relacionamentos heterossexuais e suprimir seus desejos homoeróticos.

Com apoio psicológico e social é possível viver sem se realizar sexualmente: vejamos o caso dos religiosos que vivem em castidade (embora os casos de pedofilia e de padres que deixam o sacerdócio por causa do celibato mostre que nem todos aguentam ficar na seca). Porém o desejo sexual não muda! Apenas é reprimido!

3) E os ex-gays???

Na história dos movimentos de ex-gays não faltam relatos de ex-gays que depois de um tempo casados voltam a ter relações com pessoas do mesmo sexo. Como o caso do Sérgio Viula: um dos fundadores da MOSES e dos fundadores da EXODUS internacional que se assumiram gays e pediram desculpas pelos danos causados.

Nas palavras do presidende da Exodus no Brasil:

Se for genético ou se não for genético, não muda nada [...] o slogan do nosso ministério Filhos da esperança é: Ninguém escolhe ter sentimentos homossexuais, escolhe o que fazer com eles.

Traduzindo: Não importa o que a ciência prove ou deixe de provar: NÃO VAMOS ACEITAR OS GAYS! VOCÊ TEM QUE SE ADEQUAR AO QUE QUEREMOS!


A igreja católica (que há muito já pesquisa sore homossexualidade) não prega a cura, ela chama os homossexuais a viverem em castidade, o pensamento dela é: Ok, você é gay e não pode mudar isso, mas você vai viver fugindo disso a vida toda. Já as protestantes vendem o milagre da cura baseada em oração, re-enforçamento de papéis culturais de gênero, passando por trabalhos forçados, tortura psicológica e física.


No vídeo, logo em seguida ele utiliza a última cartada evangélica em relação a orientação sexual: Usar a criação (pseudo-psicologia de buteco) para explicar a homossexualidade: "[...] É um comportamento aprendido através dos relacionamentos na infância. De coisas que deveriam ter acontecido: uma identificação saudável com pessoas do mesmo sexo ou coisas que não deveriam ter acontecido, como por exemplo, abuso sexual."

O discurso do abuso e do pai ausente  é tão mesquinho e preconceituoso que me causa revolta. NÃO eu não fui ABUSADO e NÃO, eu não tive um pai ausente! Jogar a culpa na infância é uma saída fácil e abre as portas para que eles façam EXATAMENTE o que eles desejam: Forçar jovens gays a participarem de "tratamentos de reversão". Basta conversar com pais de gays um pouco pra ver que os sinais que a criança era gay estavam lá mesmo nas primeiras palavras. (Tenho um primo gay de 7 anos que aos 2 já era o Power Ranger rosa e aí se alguém discordasse).

Em outro trecho ele re-afirma que ex-gays continuam sentindo desejo e lutando contra ele:

"Na minha experiêcia pessoal [...] existem pessoas que deixam o COMPORTAMENTO homossexual [...] mas que vivem matando um leão a cada dia".

Se o desejo NÃO desaparece oferecer tratamento é igual a dar um medicamento que não resolve.


4) O que os centros de tratamento faz então, não ajuda?

Primeiro se pergunte: O que esses centros estão fazendo? E eu vou lhe responder: Destruindo vidas com mentiras.

Este é o trailer de um documentário chamado Kidnapped for Christ (Sequestrados para Cristo) que mostra o caso de um desses centros: uma reformatório chamado "Escuela Caribe". Os adolescentes são enviados pra lá por seus pais (cristãos) para serem libertos da homossexualidade. Porém, para entrar na escola, os pais tem que dar a guarda do filho aos responsáveis do local, portanto os jovens só saem de lá quando o reformatório os libera ou quando os jovens completam 18 anos.

O reformatório, apesar de americano, fica na República Dominicana bem longe dos olhos das autoridades americana. Uma das sobreviventes Julia Scheeres conta sua história em um livro: Jesus Land (Terra de Jesus).



É exatamente para este tipo de tratamento que o deputado João Campos está abrindo proteção legal. Se permitirmos por lei que "certos psicólogos" possam passar por cima da comunidade internacional para alimentar preconceitos baseados em suas premissas religiosas. Imagine os danos que um endocrinologista-cristão ou um cirurgião-plástico-cristão seriam capazes de fazer....

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Guest Post: Quem eles conhecem não sou eu!

Quero apresentar aqui um novo amigo que vou chamar de "Pequeno Homem!" (Ele é pequeno e é homem). Conheci esse homem, num corpo de adolescente, a pouco tempo e venho brincando com o fato de ele ser tão jovem e tão maduro.

Ele tem 17 anos, tem família no interior (como eu) e ainda sofre dificuldades em se relacionar com sua família. Pedi que ele escrevesse um pouco sobre isso e rapidamente ele me mandou este texto:
Quem eles conhecem não sou eu! 
Para um armariado, viver no mesmo teto que seus pais torna sua vida uma imensa farsa do que seus pais gostariam que você fosse. Primeiro porque você não consegue ter uma relação aberta com eles e segundo porque você está muito preocupado com a chave do armário, que a qualquer minuto pode girar e te tirar de lá de dentro sem que você queira, deixando seus pais, parentes e amigos conhecer a pessoa que eles jamais pensariam que você realmente é. 
As primeiras pessoas para as quais você irá destrancar COM CERTEZA não serão seus pais. 
No meu caso a primeira pessoa a saber foi minha melhor amiga, que desde a infância esteve ao meu lado. Para ela não foi lá grandes coisas pois mesmo você estando dentro do armário sempre gera aquela dúvida nas pessoas que estão a sua volta. Como conseqüência recebi um: “Ahhhhh, isso eu já sabia, amor! Fica tranqüilo, eu ainda te amo do mesmo jeito”. Tudo que eu sempre quis foi que tais palavras tivessem sido proferidas pelos meus pais. 
Passou algum tempo e eu já estava acostumando a me expressar, falar, agir enfim SER EU MESMO quando estava com ela e isso me fez preferir estar ao lado dela a estar com minha família, simplesmente por uma questão de aceitação. 
Depois de algum tempo, como toda mãe, a minha começou a notar algumas mudanças em mim: Não queria mais sair com meu irmão, com meu pai, até mesmo com ela; preferia ficar em casa sem fazer nada. E foi aí que começou um dos vários problemas que todo armariado enfrenta na sua vida (ou pelo menos eu enfrento na minha). 
Minha mãe não entendia minha suposta rejeição. Eu não gostava de sair com eles pelo fato de eu gostar de quem eu era com meus amigos (que a essa altura alguns já sabiam de mim) minha relação com eles foi se tornando cada dia pior. 
Hoje posso dizer que vivo entre dois mundos: o meu propriamente dito, e o do filho deles. Não sei ao certo como isso deva acabar, mas os primeiros passos já foram dados: Nárnia não mais é meu lugar! Sinto isso. Mas não é chegada a hora de girar a chave e deixar trancado o armário que me conteve todos esses anos.
_

Esse garoto teve que virar um homem antes do tempo e aprender a fingir, a dissimular, a se esquivar da pessoas...  Mas história dele pra mim é um sinal de esperança porque eu vejo nele consciência e força pra lutar.

Não será logo, mas um dia ele conseguirá sair e já terá pronto um mundo cheio de amigos.

Continue assim Pequeno Homem!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Saindo do Armário - parte 2

No dia seguinte a nossa primeira conversa acordei tarde e vi 10 chamadas não atendidas do número do meu pai, não quis retornar, pois não sabia como seria o clima com meu pai, até o momento (23/02/12) não sei. Mas as chamadas tinham sido da minha mãe e ela voltou a ligar durante a tarde.

Na conversa que se seguiu, com ela um pouco dopada e eu extremamente centrado, surgiram diversas perguntas e felizmente eu estava pronto pra dar as respostas certas e pra mostrar a ela que era dela agora a responsabilidade de resolver esse imbróglio.

Tenho lembranças misturadas porque demorei a registrar isso e a conversa foi extremamente LONGA e ela me perguntou de tudo:

- Quem mais sabe?

Aqui começa a preocupação dela em se manter no armário, processo inverso ao meu e que é muito bem descrito pela Edith Modesto: "quando o filho sai do armário, a mãe entra". A preocupação em não espalhar a notícia é normal, a motivação é a mesma que faz tantos homossexuais se esconderem por tanto tempo: O MEDO.

Medo da reação dos parentes.
Medo dos olhares de desdém.
Medo das fofoquinhas.
Medo do preconceito que os filhos podem sofrer.

Mas todos esses medos já foram superados pelo filh@ que resolve contar que é gay pros pais. Por esse mesmo motivo usei este argumento para mostrar o quanto já tive medo e o quanto tinha sido difícil conviver com esses medos a vida inteira.

Uma das coisas que eu disse foi que ela imaginasse esse medo que ele tinha, mesmo ela tendo um companheiro, tendo casa própria e um emprego do qual não há riscos de demissão por essa causa, mesmo ela no alto dos mais de 40 anos tem MEDO DO PRECONCEITO.

Esse preconceito que era alimentado mesmo que inconcientemente nas piadinhas homofóbicas, nos comentários insinuosos sobre o comportamento mais afeminado de um menino ou mais masculino de uma menina [preciso explicar isso melhor qualquer dia desses].

Um frase forte que disse:
"Nada do que você venha a sofrer vai se comparar ao que já sofri, mesmo que passe pelas mesmas coisas não será igual, você tem mais de 40 tem sua família, sua casa, seu marido... Eu era apenas uma criança e tive que passar por tudo isso calado sem a ajuda de ninguém!"

Nessa conversa falamos sobre namoro e casamento, no dia anterior eu tinha soltado a pérola:
"Eu não quero morrer sozinho e você não vai estar o tempo todo aqui... Um dia você vai morrer e quem é que vai estar comigo quando eu estiver velho e doente? Quem vai estar do meu lado?"

Mas nessa segunda tarde é que veio a enxurrada de perguntas, algumas até engraçadas:
- Ele é menor de idade?
- Não, ele tem 22 anos. E essa idéia de que todo gay é pedófilo é só mais uma das estórias que lhe fizeram acreditar.
- Você está usando camisinha?
- Eu acho que com 25 anos eu já sei me proteger, mas sim, eu uso sempre. E essa história de que todo gay tem AIDS é outra das invenções que colocaram na sua cabeça. 
- E ele sái com outros rapazes? [WTF ela tomou???]
- Mainha, qual a parte do MEU NAMORADO você não entendeu? Ele é MEEEEU namorado! Ele só sái comigo e eu com ele. Mais uma vez você só tah repetindo o que lhe fizeram acreditar, que todo gay é promíscuo... meu amigo MAGRO tah toda semana com uma menina diferente e ninguém diz nada.
- Magro é também????
- Não!!!!! Eu falei MENINAA. Ele tah sempre de namorada nova e ninguém fala nada. Fulaninho é meu primeiro namorado e eu tô namorando ele há quase um ano.
- Então você quer que eu acredite que ele é seu primeiro homem? [Tom sarcástico forte]

Nesse momento eu me fingi de doido, tudo tem limite né? Até intimidade! (KKKK).

Ela me pediu que eu não casasse, podia morar junto mas casar não! [Sério Marcia???] E também pediu [de forma delicada] que eu fingisse que ele era apenas um amigo e que eu não deixasse eles verem carinhos, beijos, mãos dadas etc. Nesse momento eu retruquei:
- Mãe. Vocês não estão em posição de exigir NADA. Eu não estou pedindo NADA, eu só estou dando a chance de vocês participarem verdadeiramente da minha vida, não pela metade! Eu não quero esse amor pela metade! Se for pra ter vocês por perto fingindo ser quem eu não sou, eu prefiro não ter mais contato nenhum! É muito menos doloroso do que estar do lado de alguém pela qual você faria qualquer coisa e saber que essa pessoa não é capaz de fazer o mesmo por você.
- Não diga isso, eu faço, Eu lhe aceito, eu como mãe eu tenho obrigação de lhe aceitar!
- NÃO!!! NÃO!!! Você não tem obrigação nenhuma comigo. A única coisa que você tem é uma escolha: aprender a lidar com isso ou sair da minha vida!
Não tô dizendo que vai ser fácil e rápido. Não! Você vai sofrer! E vai sofrer MUUUUITO. Mas a única coisa que você pode fazer é isso. Eu não tenho problema nenhum com isso, o único que tinha era de não ter contado ainda pra vocês... Quem tem um problema são vocês e chama-se PRECONCEITO, então aprendam a lidar com isso... Procure uma ajuda profissional, um psicólogo, um terapeuta, quem tem um problema agora são vocês!

Depois a conversa deu uma amenizada... Ela falou que meu pai e ela estavam muito tristes e que ele estava chorando muito. Eu disse que por mais que eu sentisse eu não conseguia me comapadecer da dor dos dois, porque esse sofrimento não era nada perto do sofrimento que leva milhares de jovens a tentar sucídio todo ano e do sofrimento das famílias desses jovens que morreram porque não tiveram apoio de seus familiares. Nesse momento eu usei o caso de um primo que morreu ano passado:

- Você acha que você está sofrendo? Você acha que o sofrimento que você tá passando se compara a dor da mãe dele? Acha mesmo?
- Não, nada se compara a dor dela...
- Pergunte ao seu irmão se depois de tudo que ele sofreu, e ainda está sofrendo, se ele preferiria saber que o filho dele está lá enterrado ou que o filho dele tem um namorado?
[Longo silêncio]
- Você acha mesmo que dá pra comparar?
- Não.
- Então não diga que tá sofrendo... Eu sofri vinte anos calado e nunca disse nada pra evitar que vocês sofressem.

Depois de algum tempo de conversa ela estava novamente exausta e resolveu desligar.

Foi cansativo mas valeu a pena, eu disse muitas outras coisas que eu não conseguiria descrever aqui sem misturar a ordem, mas pude dizer com calma e paciência. As centenas de textos das dezenas de blogs que já li me deram tanto o conhecimento do tema quanto a humildade de me colocar do outro lado da situação.

Sei que ainda vão haver longas conversas, ainda nem conversei com meu pai, mas cada dia me mostra o quanto eu adiei esse momento e quanto esse adiamento me deu ferramentas pra passar por issos sem muito estresse.

UPDATE

As coisas melhoram muuuito e eu já conversei com meu pai: http://historiasdearmario.blogspot.com.br/2012/07/minha-primeira-conversa-com-meu-pai.html

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Saindo do Armário - parte 1

Eu sempre imaginei como seria a minha saída do armário (coisas voando pela sala, eu destruindo todos os enfeites das estante, minhas roupas sendo jogadas na rua e imaginei até mesmo um: "Eu já sabia!") mas no fim das contas foi bem diferente... Liguei pra minha mãe e disse: "Sabe aquele garoto? Ele não é só meu amigo, ele é meu namorado."

Pronto, tava feito, acabou (Só? Como assim? E a louça voando? E eu fazendo o barraco do século?)

Calma, não foi APENAS isso, mas foi bem assim sem grandes eventos. Minha mãe agiu como TODAS as outras mães e passou por todos os clichês possíveis:

Ela chorou durante a primeira conversa inteira (que durou uns 40min ou mais) e parecia não acreditar não importasse o quanto eu repetisse!

Quando eu falei que ela usou todos os clichês não era força de expressão mas pra cada um deles eu já tinha a resposta adequada. Acredito que tenha sido extremamente cansativo porquê eu acho que ela usou todo o poder argumentativo que ela tinha (e não é pouco) e parecia que ela estava jogando água numa pedra: as respostas eram sempre incontestáveis e rápidas. Pareciam as etapas da morte:

A negação + Fúria:
Ela - Como é que você faz uma coisa dessas comigo.
Eu - Eu não tô fazendo nada, eu não fiz nada. Eu nasci assim, eu não escolhi nascer... a culpa é sua.

Ela - Como é que você escolhe uma dessas pra você? [forma carinhosa de xingamento]
Eu - Eu não escolhi nada, ninguém escolhe! Você acha que uma pessoa em sã conciencia escolhe ser discriminado na família, na escola, no trabalho... escolhe andar na rua com medo de a qualquer momento ser espancado até a morte?

Ela - Você já ficou com alguma menina pra saber?
Eu - Você ficou com alguma menina pra saber que não gosta? Não! Porque você nunca sentiu vontade! Eu também não... desde que eu me entendo por gente que eu sempre gostei de meninos e não de meninas.

Ela - Mas como você tem certeza? Não dá pra você tentar?
Eu - Você já ouviu falar em EREÇÃO? Não dá pra fingir que um homem tah excitado, não tem um botãozinho de liga/desliga.

Ela - A escola onde você estudou teve influência? [o diretor é gay]
Eu - Nada a ver, ninguém influencia ninguém, fosse assim não existia viado. [acho que usei a palavra viado de propósito só pra chocar um pouco]

Ela - Sua irmã já sabia?
Eu - Sim.
Ela - E porque ela não me disse nada?
Eu - Porque é um assunto particular, que só cabia a mim contar.
Ela - Seu primo EMO sabe?
Eu - Todo mundo que anda comigo sabe, meus amigos, os colegas de faculdade, de trabalho, TODOS e pra nenhum deles isso é um problema.

Nesse momento ela contou que rolou um boato que um tio da minha mãe comentou que eu estava com um namorado e minhã com uma namorada... OH!!! Really? Eu juro que preciso pedir a esse tio os números da mega-sena.

Depois ela perguntou se eu estava sabendo que ia pro inferno. Não lembro os detalhes mas lembro de um trecho que eu disse:
Você acredita REALMENTE que Deus ia fazer uma sacanagem dessas com alguém? Pera, vamo usar o raciocínio só um pouquinho: [xingando de burra, não façam isso!] 
Deus tá lá fazendo a pessoa, aí ele pega e diz:
Eita, eu vou mandar você pra terra mas você não vai se sentir atraído por mulher, não vai poder casar e ter filhos. Vai ser xingado e excluído dos grupos e lugares. Vai andar na rua com medo de ser espancado até a morte... Mas pra completar você vai sentir atração por homens, mas se você ficar com algum homem eu vou te mandar pro inferno! 
Você acha mesmo que Deus é tão FILHO DA PUTA ASSIM??? [Agora eu sei que vou pro inferno!] Você acha que aquele Deus que perdoava todo mundo ia fazer uma sacanagem dessas com alguém? Acha mesmo?

Em um outro mo mento ela falou do meu pai:
Ela - E seu pai? Ele não vai aguentar uma notícia dessas... [Cardíaco, hipertenso e diabético]
Eu - DÊ REMÉDIO A ELE E DEPOIS CONTE!
Em um certo momento ela cansou e disse que estava com dor de cabeça e precisava ir pro trabalho. Eu disse que ela tomasse um calmante antes de sair e disse que iriam surgir dúvidas e se ela quisesse podia ligar e perguntar que eu não iria me ofender com as perguntas.

As perguntas vieram no dia seguinte... mas isso eu conto amanhã.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mensagens do Armário

Devido ao machismo da nossa sociedade existe uma barreira entre os homens e seus pais. Todo o amor e  carinho que pode ser demonstrado de forma aberta e pública às mães não pode ser demonstrado aos pais: Homens não choram, homens não se tocam, homens não se amam, homens não podem ser confundidos com gays!

No caso dos filhos gays a barreira é ainda maior, porque existe um momento em que seu comportamento começa a destoar das expectativas dos pais e a partir daí os ohares de decepção são sempre uma constante e a sensação que fica é que nada que se faça é suficiente pra receber aprovação ou que pequenas coisas são problemas enormes. [ aquelas pequenas coisas que denunciam que você não está cumprindo o seu papel de gênero ].

Tempos atrás encontrei um texto lindo escrito por um jovem gay. Ele diz o que muitos de nós gostariam de dizer aos nossos pais. [pelo menos os que tiveram um].

Separei uns trechos:

Pai, essa palavra é tão bonita, pai. Você não imagina o prazer que tenho em dizê-la. Mas sinto que para você não tem efeito algum. Talvez se fosse outro, um cara legal, bonitão, pegador e interessante, te chamando assim, você gostaria e daria algum valor. [...]

Não importa o quanto eu me esforce, o quanto eu tente, não é o bastante. O filho do seu amigo será sempre melhor que eu, todos serão sempre melhores que eu. [...]

Pai, existirá um momento em que será tarde demais para me conhecer, para saber um pouco sobre mim, sobre o que gosto de fazer e o que posso fazer. Mas estarei lá, para segurar tua mão e dizer que mesmo assim eu te amo, te amo muito.

Veja na íntegra: http://garotomalintencionado.blogspot.com/

sábado, 14 de janeiro de 2012

Os armariados podem doar sangue!

Depois de ler este post no Blog da Lola resolvi escrever este texto.

Eu falo sempre o quanto é ruim ser armariado porém hoje eu vi uma vantagem em estar no armário: Armariados podem doar sangue!

Isso mesmo!

Veja bem, existe uma norma do ministério da saúde que diz que se você tiver tido relações sexuais com uma pessoa do mesmo sexo nos últimos 12 meses você não pode doar sangue, porém os armariados podem.

Por quê???

Porque eles mentem na hora da entrevista. Eu já fiz isso e funcionou!!!

O esquema é o seguinte o ministério da saúde baseando-se em dados de pesquisas ditas sérias [não vou entrar no mérito] separa as pessoas que não podem doar das que podem caso elas pertencam ao algum grupo considerado de risco.

Um grupo de risco é um grupo que está mais sussectível a doenças que possam transmitidas pela doação de sangue como a AIDS, a hepatite e outras doenças. Nesses grupos de risco estão incluídos pessoas que fizeram transplante ou transfusão nos anos 80 [quando não se examinava o sangue], usuários de drogas injetáveis e homossexuais.

Nessa classificação não importa se você está ou não contaminado o que importa é se você se enquadra ou não no grupo. Alguns cientístas mais ajuizados viram o quanto era preconceituoso e impreciso e sugeriram uma nova classificação: o comportamento de risco. O comportamento de risco é algo que você fez que pode ter lhe contaminado. Ex.: Ter usado alguma droga injetável (mesmo sem ser usuário), ter tidos multiplos parceiros sexuais, ter feito sexo sem proteção etc.

A nova clasificação é melhor porque é mais objetiva e se preocupa com uma única coisa: se você fez algo recentemente que possa ter lhe contaminado com alguma doença transmissível pelo sangue.

Porque existe um período a partir da contaminação que algumas doenças não são detectadas nos exames. Nesse período você pode transmitir a doença pra outras pessoas e mesmo assim ela não aparece nos exames, o nome disso é "Janela imunológica".

Portanto faz muito sentido dizer a alguém que se ela teve algum comportamento de risco recentemente você não pode dar sangue porque ela pode estar contaminada e os exames não seriam capazes de detectar por causa da janela imunológica! A janela imunológica do HIV é de até 3 meses,  portanto QUALQUER PESSOA que tenha tido algum comportamento de risco a menos de 3 meses não deveria doar!

Porém o Brasil e outras partes do mundo insistem em discriminar e rejeitar doação de sangue de qualquer um que seja ou pareca ser homossexual. Eles usam dois argumentos "científicos" para sustentar a restrição:

O primeiro seria que entre os gays existe um número maior de pessoas contaminadas com o HIV. [sem considerar que a maioria dos gays fazem exames regulares por conta do histórico da doença ao contrário da maioria dos héteros]

O segundo seria que eles tem mais risco de contraír DST's por causa do sexo anal pois teria mais chances de sangramento aumento o risco da contaminação. [O pessoal do ministério nunca ouviu falar que algumas mulheres tem seu lado devassa???]

Sem falar que as vezes podem ocorrer pequenos ferimentos na vagina e eu não vou nem dizer a eles que tem gay que nunca fez sexo anal e nem sente prazer penetrando ou sendo penetrado.[O nome do troço é gouinage]

Eu sou gay e namoro a 10 meses e só transo com camisinha e estou em um GRUPO DE RISCO. Alguns amigos meus são heterossexuais e trasam com várias parceiras sem camisinha eles estão APTOS A DOAR.

Se isso não é preconceito? WTF is this?

Na hora de doar é simples é só mentir! É só entrar no armário e ir viver em Nárnia!



UPDATE:
Postei esse texto em 14/01/2012 e uns meses depois teve uma matéria muito legal sobre o tema. Vale a pena assistir e observar a cara de pau da enfermeira ao negar a doação.


UPDATE 2: A MISSÃO
Lola publicou meu texto no blog dela!!! \o/ Tô tão feliz em ver os comentários no blog dela!
http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2012/11/gays-podem-doar-sangue-se-mentirem.html

domingo, 1 de janeiro de 2012

O mundo é o que vemos [Ou não]

Conheço um monte de gente que entra em discussões acaloradas [inclusive eu] com certezas irrefutáveis sobre qualquer assunto. Dar uma opinião faz parte de nossas vidas mas isso não significa que  você esteja fazendo algo bom ou que sua opinião seja um reflexo da realidade [por mais embasada que sua opinião esteja].

Depois de muitas dessas discussões relembrei do velho mito da caverna. Pra quem ficou voando eu vou resumir:

Platão foi um maconheiro que tinha umas idéias viajadas e que gostava de contar histórias. Uma vez ele contou uma sobre uma galera que vivia acorrentada no fundo de uma caverna de costas pra saída. Para elas o mundo inteiro era apenas uma coleção de sombras na parede da caverna. [vide ilustação educativa para os mais lentinhos como eu]


Um dia um dos acorrentados foge e descobre que o mundo dele era apenas uma ilusão. Quando tenta alertar seus companheiros é ridicularizado e tido como louco já que a "verdade" que eles conheciam era a das sombras na parede da caverna.


Depois da aulinha ultra-fast voltemos ao tema!

Muita gente exprime opiniões toscas apenas por falta de conhecimento do mundo, não que elas sejam ignorantes ou sem estudo, elas apenas não sabem do que estão falando. É a verdade delas e tentar o confronto só o leva a ser ridicularizado.

Quanto as questões relativas a homo-afetividade já ouvi de tudo!!! Aqui vão algumas pérolas!

É a moda agora! [ser gay]
Sério que eu tive que ouvir isso? Que moda pra ir e voltar hein??? Desde as cavernas!!!

É falta de uma figura masculina!
What??? Morava onde? Num convento? Numa boate gay? Oi?

É uma fase... foi uma experiência...
Ok! Eu não sou gay estou apenas experimentando vários boys magia!

É um problema hormonal!
Essa ouvi de um professor que disse que seu pequeno sobrinho estava fazendo tratamento hormonal e que já vinha surtinho efeito e deixando o garoto mais viril. #MachoAtéDebaixoDeOutroMacho


[Obs: Já tentaram hormônios, eletro-choque, lobotomia, castração química etc. Resultado: viado morto também é viado!]

O que mais percebi foi que a MAIORIA dos héteros não precisa questionar seu papel de gênero ou sexualidade por isso não possuem grandes reflexões sobre o tema resultando em frases rasas e meio desprovidas de inteligência.[mais uma vez relembrando] Eles não são burros eles só nunca tiveram que saber nada sobre o assunto. E agora são chamados a ter um opinião... daí você já sabe o resultado!

Ainda bem que a turma do Platão tem uma técnica ótima pra esses casos chamada retórica. É só lançar os questionamentos que eles nunca fizeram e eles mesmos chegam as conclusões que eles só não tiveram antes por não ter a obrigação de pensar sobre o assunto. [Alguém mais lembrou de Inception???]