quinta-feira, 15 de março de 2012

A Bíblia para Crianças

Tem gente que pergunta de onde surge o ódio dos evangélicos contra os gays. Acho que o vídeo abaixo mostra que ele vem desde cedo através da manipulação da Bíblia em favor dos interesses escusos dos líderes religiosos.



Não vou nem gastar saliva pra listar os eufemismos e manipulações usadas. Basta ler um pouco pra entender.

Mas quero chamar a atenção para um ponto: No conjunto dos 73 livros da bíblia (ou 66 na bíblia dos protestantes) que possui tantas de histórias que ensinam o amor ao próximo e o respeito, Por que escolher logo a história de Sodoma e Gomorra para colocar num DVD infantil?

Porque escolher um assassinato em massa como imagem evangelizadora para crianças?

E se você acha que entende mesmo da bíblia aconselho ir mais longe e ler de forma mais profunda.

Aconselho muito Levíticos! É sempre uma oportunidade de dar boas risadas ou de se revoltar com a falsidade ideológica dos religiosos.

sábado, 3 de março de 2012

O amor de Deus para os gays: Segundo os evangélicos.

Esta semana o deputado federal João Campos da frente parlamentar evangélica (que eu explicarei depois) propôs um decreto legistativo para anular a resolução 001//99 do Conselho Nacional de Psicologia que proíbe psicólogos de tratar ou dar declaração pública tratando a homosexualidade como doença ou distúrbio.

O que o conselho diz, resumidamente, é:

Se a homossexualidade não é vista como doença pela comunidade internacional, tampouco está listada como tal pela Organização Mundial de Saúde com que argumento um pisicólogo iria oferecer tratamento para algo que não é doença? Oferecer esse tipo de "tratamento" seria apenas charlatanismo e enganação uma vez que um médico não pode tratar algo que não seja doença.

Este é um problema tão sério e tão complicado que precisamos entendê-lo com cuidado. Vamos por partes:

1) Porquê o conselho proibiu?

Porque já é consenso na comunidade científica que a homossexualidade não é uma doença é apenas uma das tantas sexualidades que um ser humano pode ter (heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade e assexualidade). Tanto que já foi removida da lista internacionais de distúrbios e doenças desde 93 (nos EUA desde 77). Se não é doença e ninguém trata, porque iriamos tratar aqui no Brasil?

2) E se um paciente não quiser mais ser gay?

Bem, ele vai continuar querendo. Porque ainda não houve um estudo sério que mostrasse ser possível alterar a orientação sexual de uma pessoa. O que acontece nos casos de ex-gays são pessoas que são bissexuais e são incentivadas a explorar relacionamentos heterossexuais e suprimir seus desejos homoeróticos.

Com apoio psicológico e social é possível viver sem se realizar sexualmente: vejamos o caso dos religiosos que vivem em castidade (embora os casos de pedofilia e de padres que deixam o sacerdócio por causa do celibato mostre que nem todos aguentam ficar na seca). Porém o desejo sexual não muda! Apenas é reprimido!

3) E os ex-gays???

Na história dos movimentos de ex-gays não faltam relatos de ex-gays que depois de um tempo casados voltam a ter relações com pessoas do mesmo sexo. Como o caso do Sérgio Viula: um dos fundadores da MOSES e dos fundadores da EXODUS internacional que se assumiram gays e pediram desculpas pelos danos causados.

Nas palavras do presidende da Exodus no Brasil:

Se for genético ou se não for genético, não muda nada [...] o slogan do nosso ministério Filhos da esperança é: Ninguém escolhe ter sentimentos homossexuais, escolhe o que fazer com eles.

Traduzindo: Não importa o que a ciência prove ou deixe de provar: NÃO VAMOS ACEITAR OS GAYS! VOCÊ TEM QUE SE ADEQUAR AO QUE QUEREMOS!


A igreja católica (que há muito já pesquisa sore homossexualidade) não prega a cura, ela chama os homossexuais a viverem em castidade, o pensamento dela é: Ok, você é gay e não pode mudar isso, mas você vai viver fugindo disso a vida toda. Já as protestantes vendem o milagre da cura baseada em oração, re-enforçamento de papéis culturais de gênero, passando por trabalhos forçados, tortura psicológica e física.


No vídeo, logo em seguida ele utiliza a última cartada evangélica em relação a orientação sexual: Usar a criação (pseudo-psicologia de buteco) para explicar a homossexualidade: "[...] É um comportamento aprendido através dos relacionamentos na infância. De coisas que deveriam ter acontecido: uma identificação saudável com pessoas do mesmo sexo ou coisas que não deveriam ter acontecido, como por exemplo, abuso sexual."

O discurso do abuso e do pai ausente  é tão mesquinho e preconceituoso que me causa revolta. NÃO eu não fui ABUSADO e NÃO, eu não tive um pai ausente! Jogar a culpa na infância é uma saída fácil e abre as portas para que eles façam EXATAMENTE o que eles desejam: Forçar jovens gays a participarem de "tratamentos de reversão". Basta conversar com pais de gays um pouco pra ver que os sinais que a criança era gay estavam lá mesmo nas primeiras palavras. (Tenho um primo gay de 7 anos que aos 2 já era o Power Ranger rosa e aí se alguém discordasse).

Em outro trecho ele re-afirma que ex-gays continuam sentindo desejo e lutando contra ele:

"Na minha experiêcia pessoal [...] existem pessoas que deixam o COMPORTAMENTO homossexual [...] mas que vivem matando um leão a cada dia".

Se o desejo NÃO desaparece oferecer tratamento é igual a dar um medicamento que não resolve.


4) O que os centros de tratamento faz então, não ajuda?

Primeiro se pergunte: O que esses centros estão fazendo? E eu vou lhe responder: Destruindo vidas com mentiras.

Este é o trailer de um documentário chamado Kidnapped for Christ (Sequestrados para Cristo) que mostra o caso de um desses centros: uma reformatório chamado "Escuela Caribe". Os adolescentes são enviados pra lá por seus pais (cristãos) para serem libertos da homossexualidade. Porém, para entrar na escola, os pais tem que dar a guarda do filho aos responsáveis do local, portanto os jovens só saem de lá quando o reformatório os libera ou quando os jovens completam 18 anos.

O reformatório, apesar de americano, fica na República Dominicana bem longe dos olhos das autoridades americana. Uma das sobreviventes Julia Scheeres conta sua história em um livro: Jesus Land (Terra de Jesus).



É exatamente para este tipo de tratamento que o deputado João Campos está abrindo proteção legal. Se permitirmos por lei que "certos psicólogos" possam passar por cima da comunidade internacional para alimentar preconceitos baseados em suas premissas religiosas. Imagine os danos que um endocrinologista-cristão ou um cirurgião-plástico-cristão seriam capazes de fazer....