domingo, 22 de julho de 2012

Verdades sobre a "Cura Gay"

Eu já escrevi aqui anteriormente sobre a tão falada "Cura Gay" por causa do projeto de lei do deputado João Campos (PSDB-GO) que quer derrubar uma norma do conselho nacional de Psicologia que proíbe psicólogos de tratarem pessoas gays como se fossem doentes.

O circo de horrores que são esses tratamentos vem sendo descoberto e divulgado dia após dia. Porém o Brasil tem um talento fantástico pra andar em marcha ré.

A rede de TV CNN fez uma pequena série que mostra um desses casos horrendos  chamado "The Sissy-boy experiment" que mostra o caso de Kirk Andrew Murphy que passou por um desses tratamentos numa clínica renomada de um médico que afirmava que era possível evitar que os filhos virassem gay no futuro.

O tratamento consistia em proibir qualquer demonstração de afeto por parte da mãe e usar fichinhas vermelhas e azuis para cada comportamento que o Andrew tivesse (azul comportamento masculino, vermelho comportamento feminino) no fim do dia o pai de Andrew contava as fichas vermelhas e utilizava-as como medida para bater no filho: quanto mais fichas vermelhas, maior era a surra.

Andrew aprendeu da pior forma o que todos os gays aprendem desde muito cedo. É preciso mentir e dissimular comportamentos para se proteger!

O médico responsável pela clínica (George Alan Rekers) já escreveu alguns livros sobre o tema e se tornou "referência" no assunto.

Ele utiliza o caso do Andrew como um exemplo de sucesso de que é possível evitar que seu filho efeminado torne-se homossexual na vida adulta.

Mas tem um detalhe Andrew apesar de considerado um sucesso no tratamento, cresceu e tornou-se um adulto gay e por ter passado por essa verdadeira tortura psicológica na infância, nunca conseguiu se sentir feliz com isso e mesmo tendo uma carreira acadêmica e militar de sucesso acabou cometendo suicídio aos 38 anos de idade.

Essa é uma prova do impacto negativo que esse tipo de "tratamento" pode causar numa pessoa.

Outro detalhe curioso é que o mesmo médico responsável por dizer que é possível curar gays foi flagrado numa viagem a Europa acompanhado por um garoto de programa, ao qual pagava 60 euros de diária e recebia massagens sexuais diárias.

Portanto, pra mim, esses tratamentos não passam de uma vingança psicológica de pessoas que não estão bem resolvidas com a própria sexualidade e utilizam uma psicologia barata de boteco para reforçar comportamentos que apenas ajudam a esconder a realidade.

Tornar um menino mais masculinizado não o torna menos gay! Ele apenas vai fazer mais sucesso com os namorados! Ensinar uma criança a mentir e dissimular é um desserviço pra humanidade: precisamos cada vez mais de pessoas honestas e que saibam lidar com os diferentes tipos de comportamento.

Essas crianças que são "ensinadas" a se comportar de uma determinada forma para não parecerem gays crescem com a visão de que ser gay é a pior coisa que pode acontecer com um ser humano. Se ela é hétero, provavelmente será uma pessoa preconceituosa e recalcada. Já se for gay, terá que lutar contra o próprio preconceito e contra a visão negativa que faz de si mesmo.

Todos os gays que conheço receberam repreensões por causa de seu comportamento desde que se entendem por gente e isso não impediu que elas sejam gays hoje em dia, apenas fez com que sofressem desnecessariamente.

Os vídeos da CNN estão em Inglês mas você pode ativar as legendas: clique no ícone CC escolha Inglês e depois escolha traduzir!

Assista e tente imaginar o tamanho do sofrimento que essa família passa hoje por não aceitar seu filho como ele era à 30 anos atrás.




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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dr. Kinsey: Vamos falar de sexo!

Então tá, vamos falar de sexo KKKKK
Um filme que já assisti algumas vezes e que trata do tema homossexualidade muito bem é a filme baseado na história do Dr. Kinsey (que nos anos 40 fez uma incrivel pesquisa sobre a sexualidade humana)
Kinsey desenvolveu uma "escala de homossexualidade" que vai de 0 a 6, sendo 0 um individuo exclusivamente hétero e 6 exclusivamente gay
Imagem que mostra a escala de homossexualidade desenvolvida pelo Dr. Kinsey que vai do totalmente hetero ao totalmente gay.














A escala é bem simples e eu acho que a sexualidade humana é bem mais complexa do que isso! Porém coisas simples ajudam a explicar pra pessoas que não entendem muito do mundo.

O fato de algumas pessoas sentirem atração por ambos os sexos, em maior ou menor grau. dá a impressão que estas pessoas poderiam escolher ficar apenas em relacionamentos heterossexuais.

É possível suprimir desejos sexuais, porém não é possível apaga-los. Somos seres sexuais e o impacto da supressão dos desejos é muito danoso à saúde física e mental.

Porém existem as pontas! Algumas pessoas são TOTALMENTE gays (eu) e outras TOTALMENTE hétero e pra essas pessoas não há opção! Não existe força que as faça se sentir atraídas por algo que não gostam.

Num mundo menos preconceituoso todos experimentariam (ou sentiriam-se forçados a experimentar) mas eu acredito que isso pouco mudaria em seus desejos. Uma pessoa bissexual não vai virar hétero ficando apenas com o sexo oposto, nem um hétero iria "virar" gay porque ficou com alguém do mesmo sexo.
Eu já ouvi essa de "Tem que experimentar pra saber" mas vou avisando logo: É MENTIRA!!!

Na biologia masculina existe uma força incontrolável chamada EREÇÃO!

ELA NUNCA MENTE!!

Assista o filme, se informe e saia dos clichês! Reflexões são difíceis porém valem a pena.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Minha primeira conversa com meu Pai

Enfim aconteceu!

Depois de 5 meses de silêncio fingindo que nada tinha acontecido eu finalmente conversei com meu pai sobre a minha partida do armário. Como tudo na minha vida tem que ser meio surreal o papo se deu via Facebook.

SIM VOCÊ LEU DIREITO!!!

Meu pai tem 60 anos e tem um facebook :D A única condição pra falar com ele é escrever tudo com um português indefectível e ter muita paciência! (Ele às vezes é lento)

A conversa começou falando de um parente que tá recendo apoio psicológico:


Eu
Espero que isso sirva de exemplo pra mainha, pra que ela procure um psicólogo sério ao invés de ficar sofrendo sozinha ou se iludindo com promessas de milagres. Estou triste que ainda não conversamos sobre os nossos conflitos. Parece que é mais fácil resolver os problemas dos outros que os nossos.

Pai
Eu já disse que ela procurasse um neurologista ou um psicólogo para se cuidar.
Eu
Não é um neurologista que ela precisa. Ela precisa de um psicólogo!
Ela precisa conversar com alguém que entenda e alguém que ela OUÇA porque ela não vai acreditar em nada que eu diga. Por isso ela precisa ir à uma médica que ela possa conversar e confiar acho que vocês dois deveriam!
Você tem sido um pai maravilhoso! Sempre foi!

Pai
Com relação aos nossos conflitos, eu não sei até que ponto eu estou ou estarei pronto para conversar.

Eu
Esse travamento, essa distância, não vai ajudar você a se sentir melhor só vai nos manter mais longe um do outro e não foi pra isso que me abri com vocês. 
Eu me abri porque cansei de mentir pras pessoas que mais amo. Quero uma relação de verdade não quero fingir que estou bem.

Pai
Eu sei disso. Mas entenda que é muito difícil para mim. 
Eu
quero poder compartilhar
Eu entendo!!!
Entendo muito. É difícil pra todos!
Por isso eu queria que vocês procurassem uma psicóloga. Uma especialista vai ajudar muito mais do que qualquer coisa.
Eu já vi e ouvi estórias horrendas de pais que expulsaram e agrediram os filhos...

Pai
Até para recorrer a um psicólogo, eu tenho que me preparar.

Eu
Eu sei. Vocês estão sendo muito fortes! E me orgulho disso!
Eu só acho que é mais difícil lidar com isso sozinho! Por experiência própria!
Eu estive só por 20 anos! Minha vida inteira!
E conversar com as pessoas ao meu redor me tem feito muito bem.
Pai
Eu sofri muito e ainda vou sofrer por muito tempo. Eu nunca esperava que fosse acontecer isso na vida dagente.

Eu
Eu também sofri bastante painho. Até sucídio me passou na cabeça...
Ainda bem que eu era medroso e não tive coragem de tentar
eu tinha apenas 13 anos.
Eu sei o quanto é difícil enfrentar o mundo inteiro sozinho. 
Eu acho que é melhor agente parar um pouco.
Eu já tô meio vermelho aqui
o senhor também deve estar
vamos falar depois
é um assunto muito delicado
mas acredite
melhora
melhora muito
basta conhecer a realidade e o sofrimento de outras familias 
Pai
Tá certo. Eu também acho. 
Eu
que o nosso sofrimento
fica pequeno
BEIJO ENORME
TE AMO MUUUUUITO
VOCE NAO TEM IDEIA DO QUANTO 
Pai
Eu também te amo!!!!
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Bem!
Depois eu penso! Passei só pra registrar


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Até quando

Neste final de semana ocorreu um episódio que me surpreendeu: Perdi a paciência e discuti com alguém na rua. Pode parecer muito drama pra pouca tragédia, mas realmente foi algo fora do meu normal.

Tenho 25 anos e nunca briguei com ninguém a ponto de haver uma agressão física (sem contar as brigas dignas do exército espartano que tinha com minha irmã) na infância era alto e corpulento o que fazia os meninos pensar bem antes de provocar briga. Todas as minhas brigas eram verbais e eu sempre me sobressaía na argumentação, o que sempre me dava a confiança e a calma de quem já sabe que vai ganhar.


Eram 6h da manhã de sábado e eu tinha acabado de sair de uma festa com dois amigos (um de 20 e outro de 17 anos) um senhor na faixa dos 70 anos (nitidamente bêbado) abordou meu amigo mais novo e queria que ele se afastasse de nós pra falar com ele, meu amigo se recusou e ele mandou meu amigo ir embora (de forma bem rude) e quando meu amigo deu as costas foi empurrado pelo elemento.

Meu outro amigo ainda se deu ao trabalho de dar um berro e chamar ele de doido, eu fiquei calado e apressei o passo puxando os dois (já que odeio brigas). Porém assim que eu me afastei o homem grita: "Vai... vai dar o cú". PRONTO, tava armada a confusão!

Sabe aquele momento onde a raiva toma conta e você não responde mais por si?

Eu não pensei duas vezes e comecei a berrar pra todo mundo que tivesse num raio de 500m pudesse ouvir!

Confirmei que ia fazer aquilo mesmo e que ao menos agente transava (não usei palavras bonitinhas não). Usei xingamentos de várias espécies (menos os racistas porque realmente não fazem parte do meu repertório).

Eu BERREI como um louco desvairado enquanto atravessava a faixa de pedestres sob o olhar dos motoristas e das pessoas na parada de ônibus! Meu amigo mais novo, morto de vergonha, só me pedia pra parar. Depois de uns segundos de loucura eu parei e pedi desculpas ao meu amigo.

Chega uma hora que agente se revolta! Tem uma hora que agente cansa de ser vítima!


Quem é acostumado a bater, estranha quando alguém se recusa a apanhar!
Eu tô recusando, se alguém quiser vir apanhar no meu lugar... eu topo!

Alguém?


Até quando você vai levar cascudo mudo?

domingo, 1 de julho de 2012

O gay invisível



Na Rússia um projeto de lei proibe qualquer discução sobre gays. Se não acordarmos seremos os próximos.

Você com certeza já deve ter ouvido:
"Não tenho preconceito contra gays, mas...
E logo depois desse "mas" uma lista infinita de coisas que um gay não deve fazer pra não sofrer preconceito:

... não aceito que se vistam como mulheres.
... não aceito que andem de mãos dadas na rua.
... não aceito que adotem crianças abandonadas em orfanatos.
... não aceito que sejam professores, médicos, psicólogos etc.
... não aceito que aluguem meu imóvel para viverem juntos.

A lista é longa e cansativa e nela estão incluídos quaisquer comportamentos que permitam que de alguma forma o identifiquem como homossexual.

A lógica é simples: você pode ser gay como quiser desde que eu não fique sendo lembrado disso (de preferência nem fique sabendo).

A necessidade que sejamos invisíveis é quase patológica. Mas por quê?

Por que a visibilidade obriga as pessoas a pensar!

Pensar é cansativo, é enfadonho, exige que a pessoa tome uma posição.

Ser invisível é aceitar que somos menos humanos, que nosso beijo é sujo, que nosso abraço é falso, que nosso amor é apenas uma perversão.

Vamos deixar a invisibilidade para os momentos de insegurança, para as noites chorosas dos adolescentes indefesos, para as ruas desertas. E nos momentos de sol ou na luz artificial dos shoppings sejamos nós! Sejamos de qualquer cor, até mesmo rosa! Sejamos risonhos! Sejamos bonitos! Sejamos reais.

Quem sabe enxergando nossas cores alguns não possam entender a beleza dessa nossa pintura.