quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Relações no armário

Recentemente conheci um pokemon novo. Tirando o fato dele ser muito jovem (e as implicações disso), tudo tem acontecido de forma muito legal. (Não irei elogiar demais pra não rolar olho gordo kkk)

Porém esse excesso de juventude me coloca numa posição nova: olhando de fora pra dentro do armário.

Ele está passando hoje, tudo o que já passei até os últimos anos. Isso me faz rever cenas e pensamentos que já haviam ficado pra trás e também me faz esperança por ver alguém tomar atitudes que eu não tomaria até um ano ou dois atrás (só lembrando eu já tenho 26).

Dentre estas coisas está o medo de ser visto como casal. Alguns casais gays, quando em público ou não-gay-friendly, se comportam como se fossem apenas bons amigos.
Li essa semana no blog da querida Lola Aranovich um relato chamado Relações Clandestinas. Nesse relato um homem conta como é estar casado e  mentir sobre algo tão importante fingindo que seu marido é apenas um amigo/irmão/colega...

O relato é um retrato fiel de milhares de casais gays (eu já passei por várias situações similares) porém o que me chamou atenção foram os comentários. Neles muitos gays, e héteros também, criticam a posição do casal e como o glorioso Harvey Milk os convidava à luta.

Embora eu concorde plenamente que se TODOS os gays-lesbicas-trans-... se abrissem para o mundo não haveria mais espaço para preconceito, afinal se há gays em todos os lugares seria um caos tentar lutar contra todos. Ainda é necessário ressalvas!

Existe uma diferença em sair do armário e se jogar dele. Sair do armário é um processo pessoal e que embora possua semelhanças sempre é algo único! Cada pessoa tem seu tempo e seu modo de fazê-lo e acho que mais importante que contar é entender e aprender a se amar como veio ao mundo (acho que todo o resto é consequência desse amor próprio).

Algumas pessoas possuem cicatrizes e são dotadas de ferramentes diferentes, isso faz com que algumas pessoas consigam ser mais ou menos abertas. Aos abertos falta às vezes sensibilidade pra enxergar que "nem todos possuem uma armadura".

Lá no começo falei em locais não-gay-friendly, pra muita gente pode soar estranho mas existem lugares comuns, como sua casa, sua escola, seu trabalho, sua padaria, sua farmácia, seu supermercado, seu restaurante... que NÃO são amigáveis com gays. Nesses lugares andar de mãos dadas pode gerar piadinhas e xingamentos.

Algumas pessoas não estão preparadas pra isso e nem querem estar!

Eu acredito que não há escolha e que se esconder não ajuda, só joga o preconceito pra debaixo do tapete. Mas, se você não se sente pronto pra essa luta, eu não posso te obrigar a lutar!

Eu só deixo o conselho: PREPAREM-SE PRA GUERRA! Se conheçam, se entendam e se amem, pois a qualquer momento você pode ser jogado na cova dos leões e se você não estiver pronto, sairá ferido.

Existem locais que realmente NÃO SÃO SEGUROS para os gays e realmente é necessário cuidado. Mas se olharmos pro passado veremos que um ônibus não era um local seguro para um negro e por causa da audácia daqueles que resolveram quebrar as regras, hoje é! (Pelo menos na maior parte do tempo)

Portanto é preciso mudança nas duas pontas: da mais aberta pra enxergar a fragilidade alheia e da mais fechada para enxergar que precisamos lutar pelo mundo que queremos.

Tive uma conversa relacionada a isso recentemente com uma colega de trabalho: Ela me disse que eu era muito "aberto" e que isso poderia me prejudicar (pessoalmente, profissionalmente...) Eu respondi que no dia que eu percebesse que meu crescimento profissional numa empresa estivesse sendo prejudicado pelo fato de eu ser gay eu mudaria de empresa e que o crescimento profissional não compensa o sofrimento de se esconder a vida inteira.

Ela tentou argumentar e eu perguntei a ela como ela se sentiria se tivesse que esconder o fato de ter um marido com o qual se casou ressentimente... Ela disse que não conseguiria.

NEM EU!!!!

Então pequenos casais audaciosos, fiquem espertos com os lugares realmente perigosos e ignorem os babacas! Continuem beijando, andando de mãos dadas... ou como diria meu amigo "chocando a sociedade".

They will survive! Yeah, yeah!


É só lembrar que o amor é tão maior que estamos sós no céu.