segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um amor desabrigado

Desde meu primeiro namoro eu nunca fiquei 100% desabrigado. Mesmo a minha família não estando aberta a me receber com meu namorado (nem a dele) nós sempre tínhamos oportunidades de ficar a sós na casa dos nossos amigos e vez ou outra na minha casa (Já morava longe dos pais) ou na dele.

Recentemente um bom amigo tem me mostrado como é ruim estar desabrigado: ele começou a namorar a pouco tempo e como mora no interior fica complicado pra encontrar com o "boy" (gíria pernambucana para namorado, namorada é boyzinha). Eles saem juntos com os amigos, porém, lá no interior não existe a mínima chance de andar de mãos dadas como eu fazia aqui na capital.



Coisas simples como chamar pra passar a tarde vendo filme no sofá da sala ou até mesmo dizer que vai sair com a pessoa que ama se tornam um problema pra quem está no armário.

Eu moro em uma capital, no centro de uma região populosa e com certos "luxos" que só a capital permite. Muita gente mora em grandes centros mas a maioria da população mora no "interior". Então a realidade do interior é que é a nossa realidade.

Passei a maior parte da minha vida no interior e sei o quanto ainda precisamos melhorar como país pra que possamos ter os "luxos" da capital. A diferença é tão grande que não havia vida afetiva (no sentido amoroso) pra mim antes de chegar à capital.

Sabe as paixonites de colégio? Não vivi, as que tive não alimentei, não reguei, não nomeei. Essa é a parte irreparável da minha vida. Esse é o pedaço que faz falta. Todo o resto parece sem importância, mas esse pedacinho de vida que me arrancaram ainda dói.



Eu já neguei "estadia" à um casal e isso me doeu muito. Hoje eu entendo como é ruim viver se escondendo, como é ruim inventar nomes de amigos que não existem pra disfarçar o fato de você estar sempre com o mesmo "amigo". Se por um lado me dói o que eu perdi na juventude, por outro me sinto aliviado por ter sido poupado de tantas situações constrangedoras.

Não posso abrigar todos os casais enamorados, mas estou lutando pra que nos ambientes que eu frequento estes casais se sintam em casa :)